Quando nos confundimos com o que fazemos

Você já se pegou dizendo algo como “eu sou meu trabalho”, “sou um estudante”, “sou um atleta”, ou até “sou uma pessoa organizada”? Todos nós fazemos isso. Criamos histórias sobre quem somos com base nas atividades que desempenhamos. Isso nos dá um senso de identidade, um lugar no mundo. Mas o que acontece quando as coisas não saem como esperamos?

Pense em alguém que sempre se viu como um profissional bem-sucedido. Trabalhou duro, construiu uma carreira sólida e, de repente, foi demitido. Ou alguém que se considera uma mãe exemplar e, um dia, perde a paciência e grita com o filho. Ou ainda aquele estudante dedicado que, depois de meses de estudo, não passa na prova. O que essas pessoas sentem? Muitas vezes, além da frustração natural da situação, vem um peso ainda maior: a sensação de que falharam como pessoas. Afinal, se eu sou meu trabalho, minha competência, minha paciência ou minha inteligência, então errar ou perder algo significa que eu perdi a mim mesmo.

Essa armadilha acontece quando nos confundimos com o que fazemos, em vez de enxergar que somos muito mais do que isso. Esse é o tal do “self conceitualizado”, um termo técnico que significa, basicamente, que criamos uma história fixa sobre quem somos e acreditamos nela cegamente. O problema é que a vida não segue roteiros fechados. Se nossa identidade está amarrada a algo externo, qualquer mudança pode nos deixar perdidos.

Mas e se, em vez de nos reduzirmos às nossas atividades ou características, nos víssemos como algo maior? Como alguém que tem um trabalho, mas não é apenas isso? Alguém que valoriza a dedicação, mas que pode falhar e continuar sendo digno de respeito e amor?

Quando nos desapegamos dessas definições rígidas, abrimos espaço para viver com mais leveza. Isso significa aceitar que erros fazem parte da jornada, que mudanças acontecem e que nada disso define nosso valor. Você continua sendo você, independentemente de sucessos ou fracassos.

Então, da próxima vez que algo não sair como esperado, em vez de se perguntar “o que isso diz sobre quem eu sou?”, tente algo diferente: “o que eu posso aprender com isso?”. Porque, no fim das contas, você não é suas vitórias nem seus erros. Você é muito mais do que qualquer história que já contou sobre si mesmo.