O transtorno bipolar é uma condição crônica de saúde mental caracterizada por oscilações extremas de humor que variam entre episódios de mania, hipomania e depressão. As pessoas que sofrem dessa condição experimentam picos de energia, euforia ou irritabilidade (durante a mania) e períodos de tristeza profunda, desesperança ou falta de energia (durante a depressão). A doença afeta cerca de 1 a 2% da população mundial, e, quando não tratada, pode interferir gravemente na vida pessoal e profissional, além de aumentar o risco de suicídio.
Sintomas
Os principais sintomas do transtorno bipolar podem ser divididos em episódios de mania e depressão:
• Mania: A fase maníaca inclui comportamentos como aumento da energia, diminuição da necessidade de sono, impulsividade, grandiosidade e pensamentos acelerados. Indivíduos em um episódio maníaco podem se envolver em atividades de risco, como gastos excessivos, dirigir de forma imprudente ou iniciar projetos irrealistas.
• Depressão: A fase depressiva se manifesta como tristeza profunda, perda de interesse em atividades, alterações no apetite ou no sono, fadiga e, em casos mais graves, pensamentos de suicídio.
Causas
O transtorno bipolar é causado por uma combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Pessoas com histórico familiar de transtorno bipolar têm um risco maior de desenvolver a condição. Além disso, estressores ambientais, como traumas na infância, também podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
Alterações em neurotransmissores como dopamina e serotonina também estão associadas ao transtorno. Além disso, fatores ambientais, como eventos traumáticos na infância ou situações de estresse intenso, podem desencadear o aparecimento dos primeiros sintomas em indivíduos geneticamente predispostos.
Diagnóstico
O diagnóstico do transtorno bipolar é feito por um profissional de saúde mental, com base na história clínica do paciente e nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Não há exames laboratoriais específicos para diagnosticar a condição, mas testes de imagem ou exames de sangue podem ser utilizados para excluir outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes. O processo de diagnóstico muitas vezes envolve avaliar o histórico de oscilações de humor, o padrão dos episódios e o impacto desses episódios na vida do paciente.
Tipos de Transtorno Bipolar
Existem diferentes tipos de transtorno bipolar, variando de acordo com a intensidade e duração dos episódios de mania e depressão:
• Transtorno Bipolar I: Caracterizado por episódios maníacos completos, que duram pelo menos uma semana, frequentemente seguidos por episódios de depressão maior. Esses episódios maníacos podem ser graves o suficiente para exigir hospitalização.
• Transtorno Bipolar II: Inclui episódios de hipomania (um tipo mais leve de mania) e depressão maior, sem crises maníacas completas. Os períodos de hipomania podem ser difíceis de reconhecer, mas causam sofrimento e afetam a qualidade de vida.
• Transtorno Ciclotímico: Uma forma mais leve de bipolaridade, em que o paciente alterna entre períodos de hipomania e sintomas depressivos leves. No entanto, esses sintomas são persistentes e duram pelo menos dois anos.
Tratamento
O tratamento do transtorno bipolar é baseado em uma combinação de medicações e terapias psicossociais. A medicação tem como objetivo estabilizar os humores, enquanto a terapia ajuda os pacientes a entender e gerenciar os gatilhos emocionais que podem precipitar episódios de mania ou depressão.
1. Medicações Estabilizadoras de Humor: Incluem o lítio, anticonvulsivantes como a lamotrigina e o valproato, e antipsicóticos de segunda geração. O lítio é um dos tratamentos mais antigos e eficazes para controlar os sintomas de mania e prevenir recaídas.
2. Antidepressivos: Podem ser usados em conjunto com estabilizadores de humor, especialmente em casos de depressão bipolar. No entanto, seu uso isolado pode aumentar o risco de disparar episódios maníacos.
3. Terapias Psicossociais: Psicoterapia focada na família (TFF), terapia cognitivo-comportamental (TCC) e terapia interpessoal e de ritmo social (TIRS) são abordagens eficazes para ajudar os pacientes a desenvolver estratégias de autogestão e a lidar com o impacto do transtorno na vida cotidiana.
4. Estilo de Vida e Estratégias de Autogestão: Manter um estilo de vida saudável é essencial para o gerenciamento do transtorno bipolar. Isso inclui a prática regular de exercícios físicos, uma rotina consistente de sono, a redução do consumo de álcool e drogas, e o gerenciamento do estresse por meio de técnicas como a meditação ou a terapia de relaxamento.
Prevenção de Recaídas
Prevenir novas crises de mania ou depressão é um dos maiores desafios no tratamento do transtorno bipolar. Algumas estratégias eficazes incluem:
• Monitoramento dos Sintomas: Manter um diário de humor pode ajudar o paciente a identificar os sinais precoces de uma mudança de fase, permitindo intervenções antes que os sintomas se agravem.
• Adesão ao Tratamento: Manter a regularidade na tomada de medicações e comparecer às sessões de terapia são fatores críticos para prevenir recaídas.
• Redução de Estressores Ambientais: Controlar o nível de estresse por meio da organização de tarefas diárias e estabelecimento de limites nas relações pessoais pode ajudar a manter o equilíbrio emocional.
Viver com Transtorno Bipolar
Apesar dos desafios, muitas pessoas com transtorno bipolar conseguem levar vidas plenas e satisfatórias. Com o tratamento adequado e apoio social, é possível gerenciar os sintomas e reduzir o impacto da doença no dia a dia. Relacionamentos fortes, emprego estável e a busca por realizações pessoais podem ser alcançados com o suporte correto.
Um aspecto importante é a comunicação com amigos, familiares e colegas de trabalho, para que entendam as peculiaridades da doença e saibam como oferecer suporte nos momentos de crise. O estigma em torno das doenças mentais, incluindo o transtorno bipolar, ainda é um obstáculo, mas a conscientização sobre o assunto tem ajudado a reduzir preconceitos e a melhorar a aceitação social.
Conclusão
O transtorno bipolar é uma condição séria, mas com o tratamento adequado e uma rede de apoio, muitas pessoas conseguem estabilizar seus sintomas e viver de maneira equilibrada. O entendimento dos fatores que contribuem para as oscilações de humor e o uso de estratégias personalizadas são fundamentais para o bem-estar a longo prazo.
Extraído do livro Bipolaridade – David J Miklovit
